Sobre a saudade quando se mora fora
- Gaby Mafra
- 25 de jan. de 2021
- 3 min de leitura
Hoje eu quero falar de Saudade!
Aquela que a gente inevitavelmente sente (E MUITO) quando mora fora.
Quando saí do Brasil, há mais de um ano atrás, eu nem imaginava que ficaria tanto tempo sem ver a maior parte da minha família. A gente tende a ser otimista quando está nessa situação e eu jurava que todo mundo ia vir me visitar com frequência! Que teria sempre alguém aqui comigo.
Quem me conhece sabe o quanto eu sempre fui ligada à minha família. Mas ligada no sentido de conexão mesmo! A gente sempre fez de tudo para estar junto. A gente sempre se fez presente nas vidas umas das outras. Dizemos que somos “A casa das sete mulheres” porque sempre fomos sete: minha bisavó, que já nos deixou, minha vó, minha mãe, minha tia, eu e minhas duas primas. Sempre formamos um elo invencível! E aqui vale dize dizer que, independente de distância física, isso nunca vai mudar!
Ao mesmo tempo, minha mãe sempre me disse que eu tinha um “desapego” do mundo. E eu não acho que ela estava errada! Quem toma a decisão de sair do seu país, da sua zona de conforto, precisa ter esse “desapego”. Que não é, de forma alguma, desapego de amor. É o desapego físico de aceitar ficar longe a maior parte dos dias, de entender que você não vai estar presente em todos os aniversários, de que as pessoas nem sempre vão estar com você em todas as datas importantes. Costumo brincar que aceitar essas coisas faz parte do pacote! Mas ainda assim, aceitar não faz doer menos.
Fim de ano e começo de ano novo tende a ser um momento difícil. Tem natal, tem ano novo, e tem milhões de aniversários na sequência (sim, minha família gosta de fazer aniversário em janeiro)! No ano passado tive minha mãe aqui comigo em dezembro, o que fez essa época menos dolorida, mesmo não tendo a nossa “Casa das Sete” reunida. Mas esse ano foi particularmente mais difícil! Ninguém imaginou que uma pandemia chegaria no meio do caminho enquanto eu decidia morar nos EUA, e faria a gente se reajustar, se reinventar, e mudar tantos planos que já estavam feitos antes mesmo de sairmos do Brasil. Tantas viagens canceladas, tantas pessoas que não puderam vir, e tanta saudade acumulada.
Eu escolhi escrever esse texto hoje porque é aniversário da minha vó, e eu daria tudo para estar por perto! E hoje faz exatamente 1 ano, 5 meses e 4 dias que estivemos fisicamente juntas pela última vez. Digo fisicamente porque fazemos de tudo para nos manter presentes na vida uma da outra. Sempre fomos todas assim! E eu agradeço tanto por ter essa família linda que me apoia em todas as decisões, que quer sempre me ver feliz, e que se faz presente de todas as formas que pode! No natal, recebemos vários presentinhos que foram entregues aqui em casa. E pode parecer bobo, mas isso fez doer um pouco menos a saudade. A gente se sentiu abraçado e acolhido!
Quando a gente escolhe morar fora tem muita coisa que a gente sabe na teoria, mas na prática não faz a menor diferença saber. E saudade é uma dessas coisas! A gente sabe que vai sentir, que vai doer, mas isso não faz não acontecer. Não reduz o impacto nem a dor de estar longe. Não muda que a gente quer se teletransportar em vários momentos só para dar um abraço.
Apesar disso, entendo que algumas escolhas fazem a gente abrir mão de outras. A vida é assim! E isso me faz aceitar que, por algum motivo maior, não dava para estarmos juntas hoje. E isso me faz viver todos os dias da minha vida intensamente, aproveitar cada segundo, tirar o melhor de todas as experiências! Principalmente daquelas que eu escolhi viver, como essa de morar fora.

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